O perigo do olhar enviesado
Conta a História que durante a II Guerra Mundial, a Marinha norte americana (US Navy) acompanhava com preocupação o número de aeronaves abatidas durante as missões de guerra. Buscaram então analisar os danos afim de melhorar sua blindagem, visando ampliar as chances de sobrevivência e portanto de sucesso. Pacientemente analisaram a fuselagem de cada uma das aeronaves que retornavam das missões, afim de entender quais eram os locais mais vulneráveis. O resultado foi este mapa onde os pontos vermelhos representam os locais mais danificados. O estudo tornou óbvio que deveriam ampliar a blindagem nestes locais pois eram os mais sujeitos à danos. Felizmente um estatístico chamado Abraham Wald alertou os estudiosos da Marinha que eles estavam enganados, pois ao deixar de olhar a amostragem completa estavam tomando decisões erradas. Ele argumentou que justamente os aviões atingidos nas áreas do nariz, motores e centro da fuselagem eram os que jamais retornavam, pois os locais atingidos eram fatais. Logo, se a análise se dava apenas sobre os aviões que conseguiam retornar, as conclusões estavam fundamentalmente erradas. Os pontos vermelhos no mapa apontavam não as áreas mais frágeis, mas as que mais suportavam danos sem provocar a queda da aeronave. Logo, contrário à conclusão inicial, a blindagem deveria ser focada nas áreas em branco. Portanto, nos dias de hoje, onde somos metralhados diariamente com uma quantidade inconcebível de informações, é fundamental assegurar que se mantenha sempre o olhar sobre o todo, na amostragem completa. O risco do olhar parcial, enviesado ou apressado, é a tomada de decisão errada, o que por consequência, significa avião derrubado.
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