A voz interior

Há algum tempo, uma pessoa que conversava com minha esposa reclamava que havia odiado Veneza. Para ela a cidade não passava de um esgoto a céu aberto. Seus canais eram fétidos e não havia nada que a agradasse. Noutra ocasião, em assunto completamente diferente, alguém me disse que achava Deus um déspota sádico que vigiava a tudo e a todos, sempre bravo, de cenho franzido, esperando momento oportuno de jogar uma praga e assim acabar com a alegria da criatura. O que há de comum nas duas histórias? Cada um de nossos interlocutores estavam trazendo à tona aquilo que estava no interior de suas próprias almas. Sua visão de mundo se dava através de lentes que refletiam seu próprio ser. E geralmente assim o é para qualquer assunto. Aquilo que alguém diz, diz muito mais a respeito de si, do que diz a respeito daquilo que diz.

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