Pequeno avanço


Estudei em escola pública, numa época em que a velha política ainda não a tinha destruído. Como parte das atividades requeridas pelos ótimos professores que tive, havia a leitura obrigatória de clássicos como Triste Fim de Policarpo Quaresma, Senhora, Dom Casmurro, além dos deliciosos livros da Coleção Vaga-lume. Um dos livros que muito me influenciou foi Poliana, que me ensinou a enxergar o lado otimista da vida, a despeito das dificuldades que certamente chegam e se impõem à todos. E neste espírito, totalmente Poliana, tenho acompanhado com um certo orgulho as acaloradas discussões nas redes sociais sobre a política e a eleição vindoura. Com muito prazer tenho visto que o paradigma de política, a exemplo de religião e futebol “que não se discutem”, agora pelo contrário, é um assunto corriqueiro, deixando de ser tabu, mas debatido ampla e abertamente. Naturalmente como temos uma democracia muito jovem, ainda não sabemos ao certo como nos portar, com discussões que raramente são profundas, com gente se comportando mais como torcedor ou membro de seita do que propriamente como cidadão. Mas o que é bonito é que já há discussão, troca de ideias.
Naturalmente meu otimismo não é divorciado de um certo realismo melancólico. Sei que ainda levaremos uns 200 anos para endireitar totalmente este país. Porém só de ver que abolimos nos últimos anos o sofisma de que política não se discute, já vejo uma réstia de esperança de que algo comece a mudar.
Que venham muitos debates, muitas discussões, muito arrazoamento, sempre com muito respeito acima de tudo. Só assim estaremos aptos a prevenir que a velha política faça renascer a ditadura militar recém vencida, ou a ditadura bolivariana que há tempos nos ameaça.

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