Receita para o Desastre (Brasil)

Receita para o desastre

Ingredientes

- 50 anos de má qualidade da educação

- 30 anos de ruptura dos valores familiares

- 15 anos de desarmamento da população

- 500 anos de descaso da administração pública

- Ausência de espiritualidade ao gosto

Modo de preparo

Sove universidades, colégios e escolas públicas até que estas tornem-se totalmente ineficientes e ineficazes. É importante garantir que os professores percam completamente sua autoridade, fermentando indisciplina e ausência de respeito. Remova com cuidado os pais que desejarem educar seus filhos. Para isso, utilize a lei da palmada e incentive o desrespeito através de programação violenta na TV e nos videogames.

Adicione à grade de programação das principais TVs apenas alienação, se possível com a ajuda de novelas e noticiários que somente causam desagregação familiar e perda de identidade cultural. Bata bastante até que não sobre nenhuma virtude ou cultura.

Descasque uma campanha de desarmamento que garanta que a população de bem não tenha mais como se defender, nem a si, nem ao seu patrimônio. Para isso, veicule muita propaganda sobre casos de acidentes com armas proporcionados pela ausência de programas de porte consciente.

Reserve à parte uma classe política que não se identifica com a população, mantendo o status-quo do colonialismo. Tempere com 500kg de pó do helicóptero, acrescente as malas de dinheiro do metrô e dos mensaleiros, o coronelismo do nordeste, o descaso do Renan e deposite-os nos bancos Marka e FonteCindam. Alguns fios do bigode de um coronel do Maranhão ajudam a dar liga à massa. Se desejar, polvilhe um pouco do dinheiro das Ilhas Cayman. Neste caso, opte pela marca “Rouba Mas Faz”.

Por fim, distribua tudo numa fôrma de espiritualidade irrelevante, com vistas a seus próprios interesses, que não chora com os inocentes, que não se inquieta com o status da sociedade, mas se fecha em seu pequeno mundo. Porém, sem deixar de trazer para dentro todos os valores de uma sociedade corrompida, tal como o amor ao sucesso e dinheiro, a lógica maquiavélica de que fins justificam os meios e a alienação total de seus membros como cidadãos, fazendo-os resignados e aceitando que o mundo é assim mesmo pois “foi Deus quem quis assim”. Se possível, garanta que clérigos mais desonestos dirijam ou possuam redes de TV para fermentar ainda mais a massa de ignorância.

Para servir, distribua uma calda de bolsa família com Copa do Mundo e Olimpíadas. Esta versão tropicalizada da receita de pão e circo dos romanos lhe ajudará a proporcionar um cozimento mais uniforme e gradual.

O tempo de cozimento poderá variar de acordo com a região do país. Porém será um desastre certeiro com um sabor amargo, duradouro e inesquecível.