A moderna Idade das Trevas


Na Idade Media, nossos antepassados costumavam pegar as pessoas que cometiam crimes e colocá-las numa espécie de pelourinho, presas pela cabeça mãos e pés. Deixavam-na em praça pública para que fossem ridicularizadas pela população local. A medida possuía dois benefícios. Primeiro evitava que o condenado mantivesse contato com outros presos, numa prisão, onde poderia aprender novas maneiras de cometer crimes. Em segundo lugar, desencorajava a reincidência por exposição ao ridículo, acabando com a reputação de maior criminoso, o mais temido, o mais mais... ali, naquelas condições, ele não passava de um pobre miserável, não muito diferente dos que estavam ao seu redor.
Hoje, somos uma geração muito mais evoluída. Abandonamos práticas tão rudimentares. Porém, como sociedade nos comportamos feito pêndulo, ora num extremo, ora em seu polo oposto. Hoje, criminosos que roubam merenda, saúde, segurança, educação, o presente e o futuro de um país inteiro, desfilam como heróis injustiçados. Transformamos em vítimas aqueles que vitimam toda uma nação. Romantizamos a história daqueles que feitos anjos da morte, ceifam vidas ainda em sua tenra idade. Como se tudo isso ainda não bastasse, demonizamos empreendedores, fazemos chacota dos que defendem a lei e desprezamos aqueles que, a despeito disso tudo, continuam firmes em sua caminhada de trabalho honesto, voluntariedade e engajamento social.
Nos livros de História, chamamos de Idade das Trevas o período que compreende a Era Medieval. Pensando nisso, fico a imaginar como historiadores do futuro nos chamarão... Talvez, compreendendo o movimento pendular da história, chamem de Idade das Trevas Moderna.

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