Estranha polarização

Tenho acompanhado assustado o andamento da campanha eleitoral deste ano. Surpreendo-me percebendo que a polarização em nosso país aumenta sensivelmente a medida que nos aproximamos das eleições. De cada lado tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda, degladiam-se a tentar provar que seu opositor é o pior. Contudo, creio que há uma grande gama de conservadores de centro que não acreditam mais em ambos. E estes são os que mais estão a sofrer. Explico: - para quem é de extrema direita, ver Bolsonaro ser eleito os fará muito feliz, ainda que este candidato seja terrível para nossa democracia e acabe por se mostrar um retrocesso em causas já tidas como ganhas. De igual modo, para a turma de esquerda, ver um Haddad bancando papel de marionete para um títere encarcerado, também os fará felizes, apesar do desastre que isso significará para nosso país. Portanto, cada um destes, à sua própria maneira, tem uma chance grande de se ver feliz (ainda que apenas momentaneamente, pois certamente a verdade se manifestará, como o fez para os milhões de desempregados atuais). Porém para os conservadores de centro, o terror se avizinha para ambas hipóteses, pois sabem o que significa para nosso país estes candidatos. E o que mais entristece é que já poderíamos ter aprendido com a História recente, onde tragédias foram perpetradas por extremistas de ambos os lados. Como exemplos recentes temos as ditaduras chilena, argentina e nazista na extrema direita, assim como as de extrema esquerda no caso da Venezuela, Camboja, Cuba e URSS. Em comum para ambas apenas os milhões de mortos, seja por fruto da violência direta, seja pela fome, desemprego e desalento. Já deveríamos ter aprendido as duras lições que estes povos tem a nos ensinar. Porém iletrados que somos, aplaudimos pateticamente os candidatos bizarros, como se estes representassem alguma agremiação de futebol, sem qualquer noção do perigo que se avizinha... Que Deus tenha misericórdia de nosso país. Que nasça em nossa Nação um povo que não se deixa enganar por propaganda televisiva ou pesquisas financiadas por déspotas espúrios. Mas que consiga exercer sua cidadania com responsabilidade. A integridade de nossos filhos e netos depende disso.