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Mostrando postagens de 2018

São Paulo - uma caminhada com Vítor Hugo e Mozart

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Por conta de um compromisso pessoal, precisei ir ao centro de SP ontem pela manhã. Ao caminhar por nossas ruas sujas e becos abandonados, notei a quantidade enorme de pedintes e maltrapilhos que se acumulam em cada reentrância dos encardidos edifícios de nossa cidade. Se estivessem a falar francês, diria que havia entrado no palco da peça Os Miseráveis de Vítor Hugo. E analogamente ao retratado tanto na peça quanto no livro homônimo, nossa sociedade vive o mesmo desperdício, a mesma perda irreparável de capital humano. Ao olhar nos olhos de cada um, fico a pensar se não estou olhando para um Mozart que jamais poderá ser, um Einstein que não teve chance, um Descartes que não vingou.  O problema da corrupção endêmica em que nosso país vive mergulhado, não é só que ela mata a geração atual, mas mata também o futuro, os sonhos e aspirações de uma nação que poderia ser grande, que poderia protagonizar, quando se contenta apenas a ficar nos bast...

Pequeno avanço

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Estudei em escola pública, numa época em que a velha política ainda não a tinha destruído. Como parte das atividades requeridas pelos ótimos professores que tive, havia a leitura obrigatória de clássicos como Triste Fim de Policarpo Quaresma, Senhora, Dom Casmurro, além dos deliciosos livros da Coleção Vaga-lume. Um dos livros que muito me influenciou foi Poliana, que me ensinou a enxergar o lado otimista da vida, a despeito das dificuldades que certamente chegam e se impõem à todos. E neste espírito, totalmente Poliana, tenho acompanhado com um certo orgulho as acaloradas discussões nas redes sociais sobre a política e a eleição vindoura. Com muito prazer tenho visto que o paradigma de política, a exemplo de religião e futebol “que não se discutem”, agora pelo contrário, é um assunto corriqueiro, deixando de ser tabu, mas debatido ampla e abertamente. Naturalmente como temos uma democracia muito jovem, ainda não sabemos ao certo como nos portar, com discussões que raramente são profun...

Estranha polarização

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Tenho acompanhado assustado o andamento da campanha eleitoral deste ano. Surpreendo-me percebendo que a polarização em nosso país aumenta sensivelmente a medida que nos aproximamos das eleições. De cada lado tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda, degladiam-se a tentar provar que seu opositor é o pior. Contudo, creio que há uma grande gama de conservadores de centro que não acreditam mais em ambos. E estes são os que mais estão a sofrer. Explico: - para quem é de extrema direita, ver Bolsonaro ser eleito os fará muito feliz, ainda que este candidato seja terrível para nossa democracia e acabe por se mostrar um retrocesso em causas já tidas como ganhas. De igual modo, para a turma de esquerda, ver um Haddad bancando papel de marionete para um títere encarcerado, também os fará felizes, apesar do desastre que isso significará para nosso país. Portanto, cada um destes, à sua própria maneira, tem uma chance grande de se ver feliz (ainda que apenas momentaneamente, pois certament...

Desconfio de certezas

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Me perguntaram outro dia se confio mais num ateu ou em alguém que professa a mesma fé que eu. Respondi que tendo a desconfiar de ambos e exatamente pelo mesmo motivo: - são cheios de certezas. Neste quesito, considero mais honesto o agnóstico, que aceita a dúvida como parte de seu aprendizado, pacientemente coletando novas informações, rejeitando o que foi reprovado até um dia juntar o suficiente pra poder validar sua decisão racional. E antes que algum crítico de plantão se pronuncie quanto a minha “falta de fé”, respondo com um argumento típico de um agnóstico: - “ausência de evidência não é evidência de ausência“

Ciência X Religião

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Acredito que não há exercício mais inútil na face da Terra do que confrontar ciência e religião. São faces diametralmente opostas mas paradoxalmente complementares de um mesmo prisma chamado Vida. Nossa sociedade ganharia muito mais unindo esforços e métodos de ambas do que confrontando-as. A pseudociência e as inúmeras seitas só existem como fruto deste embate surreal. Daí crescem astrólogos, ufólogos, videntes, prognosticadores, charlatães de toda espécie, ocupando espaço tanto na ciência quanto na religião. Não à toa, há um forte movimento de retrocesso à Eras Medievais, com gente abominando vacinas, afirmando que a Terra é plana, ou comprando terreno no Paraíso, com indulgências pagas em cartão de débito. E tudo isso, na era mais tecnológica e cheia de informação que jamais tivemos. Flertar com neandertais numa clara involução às portas do advento da inteligência artificial, pode se mostrar o mais perigoso e irreversível movimento da Humanidade.

Teorias da conspiração - da piada à desgraça

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As teorias da conspiração há muito deixaram de ser bobagens inocentes. São problemas sérios que matam e são rapidamente popularizadas pelas novas mídias sociais. Uma coisa é espalhar bobagens como ‘a terra é plana’ ou que ‘o homem jamais esteve na lua’. Nestes casos a perda se restringe ao QI dos envolvidos. Mas outra coisa bem diferente é espalhar que não há necessidade de tomar vacina pois trata-se de conspiração de grandes corporações farmacêuticas. Nestes casos perdemos vidas.

História que se repete

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Então finalmente saiu a sentença de Al Capone, pequena de fato para o tamanho do crime cometido. Mas é melhor prender um gângster assassino por sonegação de impostos do que deixá-lo solto como símbolo de que crime compensa. Agora só não podemos esquecer que este é o início da luta. A cidade de Chicago ainda tem muitos outros Gângsters que irão ocupar o lugar de Capone. Falta ainda prender Charles “Lucky” Luciano, Meyer Lansky, Benjamin “Bugsy” Siegel, Frank “Wacky” Scalice, Frank “The Prime Minister” Costello, Abner “Longy” Zwillman, Johnny “The Brain” Torrio, George Remus, Joseph “Doc” Stacher, Giuseppe “Joe the Boss” Masseria, além de seus asseclas que levam malas de dinheiro pela cidade toda. Tenho fé que um dia ainda limparemos Chicago mostrando ao mundo que o Crime Não Compensa.