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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Os dois papas

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Assisti ao filme Dois Papas com minha esposa. Estava gostando bastante do enredo até perceber que o título estava equivocado. Devia chamar-se O Papa. Isto porque quase nada trata de Ratzinger, ao passo que detalha com bastante cuidado a vida pregressa de Bergoglio. Aliás, ainda bem, pois do pouco que se narra a respeito de Ratzinger, é para fazer colar a pecha de que é um solitário, um chato e, de uma maneira muito desonesta e desrespeitosa, um nazista. Homem tímido e gentil que é, se assistiu o filme, deve ter ficado muito abatido. Bergoglio é apresentado como virtuoso homem do povo, simpático, alegre, ligado aos pobres, atormentado apenas por sua própria postura diante da ditadura e do celibato. Ratzinger em oposição é um bufão excêntrico, ganancioso por poder e ensimesmado. Qualquer menção ao seu passado intelectual, seu trabalho de bastidores junto a João Paulo II, seu apoio à vários escritores controversos como Leonardo Boff foi completa e sistematicamente ignorado. Nem a atuação ...

A voz interior

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Há algum tempo, uma pessoa que conversava com minha esposa reclamava que havia odiado Veneza. Para ela a cidade não passava de um esgoto a céu aberto. Seus canais eram fétidos e não havia nada que a agradasse. Noutra ocasião, em assunto completamente diferente, alguém me disse que achava Deus um déspota sádico que vigiava a tudo e a todos, sempre bravo, de cenho franzido, esperando momento oportuno de jogar uma praga e assim acabar com a alegria da criatura. O que há de comum nas duas histórias? Cada um de nossos interlocutores estavam trazendo à tona aquilo que estava no interior de suas próprias almas. Sua visão de mundo se dava através de lentes que refletiam seu próprio ser. E geralmente assim o é para qualquer assunto. Aquilo que alguém diz, diz muito mais a respeito de si, do que diz a respeito daquilo que diz.